Poesias

ARTE DE REVIDAR

Cada lume de memória
do tempo em que vivi
é um fogo não-extinto.
Cada sonho, cada punhal
do tempo em que me assassinaram
é um fogo que não se extingue.

Cada pedaço de chão
em que piso,
à beira do abismo,
com minhas botinas
de trigos futuros,
é um campo de honra.

Cada casa que levanto
com a escultura das mãos,
a argila amassada
com suor de alma
e a resina destas magras tíbias,
é uma casa de honra.

Cada máquina que fabrico
com o motor dos músculos
e os parafusos de meus dedos,
engrenagens e girassóis
que se movem para nenhum lugar,
meus afogados ossos
nas graxeiras de um sonho inútil,
é uma máquina de honra.

Meu sustento é o futuro.
O presente, como quem sonha de águias
entre chacais,
e o sangue derramado do cordeiro,
que nasci com esse caos.


10/05/2011

 

 

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